Ainda não contei esta minha "mania" a ninguém. Ora cá vai.
Cresci a ouvir uma tia do meu pai, uma senhora de uma lucidez incrivel e que me faz deixar de lado as pessoas da minha idade para passar horas a fio a falar com ela. A Ti' Ursula, alentejana está claro!, é uma tia emprestada do meu pai, já com uns belos setenta anos talvez! Não teve filhos. Mas tem um instinto maternal tão sincero e puro que teria dado uma óptima mãe.
Pois bem, desde pequena que cada vez que a visito (na minha segunda casa do coração, Pias!) que me conta uma estória deliciosa. O meu pai era pequenino, bem pequenino e a minha avó para ir às compras (no Alentejo quando se vivia num monte ir às compras era uma aventura) deixava o meu pai com a Ti' Ursula. Ficava a dormir, calminho e tranquilo no seu soninho. Mal a minha avó virava costas e se montava no seu burro, a Ti' Ursula sacudia o meu pai de modo a acordá-lo. E porquê? Porque tinha um medo enorme que lhe acontecesse alguma coisa de mal enquanto dormia. Só ficava tranquila quando ele acordava. Aí respirava de alívio.
Cada vez que oiço esta estória fico deliciada. Vai daí dou por mim a encostar o meu ouvido ao Rafael a meio da noite para me certificar que está mesmo tudo bem. E faço-o tantas vezes, tantas noites! E cada vez que o faço lembro-me da Ti' Ursula e penso: "isto é o puro e genuíno instinto maternal". Que bom!
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