sexta-feira, 24 de maio de 2013

O desabafo que (ainda) não te escrevi

Hoje é um dia de recordações tristes. Hoje, é um dia que não queria que alguma vez tivesse existido.
Sinto-me triste neste dia. Triste porque não fui capaz de trair o destino. Não fui capaz de te proteger de quem não te queria bem (como se isso fosse possível).

Hoje devias estar aqui comigo. Devias ter ajudado a adormecer o teu sobrinho, agarrar-lhe a mãozinha frágil enquanto adormecia sereno. O teu lugar é aqui. Ao pé do teu homónimo cunhado que nunca conheces-te. Ao pé da mãe, do pai, da(s) mana(s). Devíamos estar juntos, a jantar tranquilos, a deliciar-nos, qui ça, com um copo de vinho, e a rir muito, tal como adoravas fazer. Ias dizer que sou uma gralha como sempre dizias (embora, meu anjo, até isso tenho mudado com os anos), ias divertir-nos com as tuas saídas cómicas tão características, ias olhar para os pais com aquele olhar de gratidão e amor com que sempre olhas-te e, ias passar a mão na cabeça da mAna como sempre passas-te. Ia ser perfeito.

A vida continuou, é o que todos dizem. Está bem, a vida continuou. Mas, faltas sempre tu. São anos a mais, é a saudade que acumula e não passa.

Sinto-me angustiada. Devíamos ter conseguido trair o destino.

Hoje faz mais um ano que começas-te a partir. Mais um ano em que nada daquilo devia ter acontecido. Mais um ano em que me sinto revoltada por não ter sido capaz de contrariar o teu malfadado destino... mais um ano...